sábado, 22 de março de 2014

Lembro-me tão bem!

Lembro-me de adorar tocar às campainhas dos prédios e correr a esconder-me. Lembro-me da adrenalina que isso me provocava. Era talvez das coisas que mais gostava de fazer quando ia brincar para a rua. (Sim, eu brincava na rua, tive a sorte de ser criança nos anos 80). Lembro-me de voltar a repetir a brincadeira já adulta, não teve metade da piada mas deu para matar as saudades. Foi na Ericeira, numa noite fria de Dezembro. (Lembras-te, Carla?)
Outra brincadeira que adorava era entrar numa cabine telefónica, marcar um número ao calhas e ouvir, durante breves segundos, a voz do outro lado. (As cabines antigas funcionavam durante alguns segundos sem se meter qualquer moeda). Às vezes ligava para números que conhecia. Outras vezes marcava números ao calhas. As cabines tinham sempre uma placa com os indicativos das várias zonas do país e eu corria-as todas, comparando os diferentes sotaques com que me falavam. Depois comecei a aventurar-me a ligar para o estrangeiro (também havia uma lista de indicativos dos restantes países). E ouvia aquelas vozes distantes que me falavam em línguas desconhecidas. Umas irritadas com a brincadeira, outras num tom preocupado. Eu ria-me. Muito. Até me doer a barriga.




2 comentários:

Deita cá para fora!