Quem tem medo de agulhas?

O Tomás hoje foi fazer uma visita à urgência pediátrica. Depois de passarmos por umas ambulâncias e ele ter gritado "Olha um beiro! Olha ôto beiro! Olá, beiro! Olha mais beiros! Tantos beiros, mãe!"( e por aí fora, que este moço adora bombeiros!), fomos chamados pelo médico, que me informou que o Tomás teria que fazer análises. Um cenário dantesco em que o Tomás gritava e esperneava qual toiro enraivecido atravessou-me a mente e comecei a arquitetar uma forma de fugir dali para fora. Podia fingir que ia ao WC, ou mudar-lhe a fralda e, quando ninguém estivesse a reparar, saíamos de mansinho. Também podia fingir que me estava a sentir mal, quase a desmaiar, a precisar de apanhar ar e assim que me apanhasse lá fora, corria a sete pés. E se pedisse a alguém para me ligar a fingir que se tratava de uma emergência que me obrigava a sair dali de imediato? Estava eu nestes pensamentos, quando ouço chamar o nome do Tomás. Levantei-me e segui a enfermeira. Ainda enviei um sms ao Larry mas não adiantou nada, o traste deixou-me entregue à minha sorte. Sentei-me com o Tomás ao colo e esperei o pior. O Tomás a seguir todos os movimentos com muita atenção. A enfermeira (técnica de análises clínicas, acho que é assim que se chama) põe-lhe o garrote, apalpa-lhe a veia, espeta-lhe a agulha e o Senhor Tomás nem se mexe, a seringa a encher-se de sangue e o Tomás impávido e sereno. No fim, lá solta um gemido e um "Dói-dói!" E terminou assim o meu drama. Foi um valente, o meu benjamim!